A hipertensão arterial sistêmica ( HAS ) é uma doença de grande prevalência entre os brasileiros.
Neste tópico, abordarei a HAS de uma maneira geral, desde sua fisiopatologia, isto é, os mecanismos pelo qual ocorre a doença, até suas complicações e tratamento.
Minhas referências para este post serão colocadas ao seu final.
Definição
A HAS é definida como uma entidade clínica na qual o indivíduo apresenta niveis médios de pressão arterial que conferem um aumento do risco de eventos cardiovasculares como Infarto do miocárdio, AVC, dissecção de aorta, doença obstrutiva periférica, a curto, médio ou longo prazo justificando uma programação terapêutica.
*Ao contrair-se, o coração impulsiona um determinado volume de sangue, em média 70 ml por batida. Essa tensão, ou seja, essa força contra, a qual o coração tem que trabalhar para ejetar esse determinado volume de sangue é a pressão arterial, ou seja, é a pressão na parede das artérias.
Em valores absolutos, hipertenso é aquele paciente que se apresenta com pressão arterial sistólica( PAS ) maior do que 140 mmHg ou com pressão arterial diastólica (PAD) maior do que 90 mmHg.
Mas se um paciente medir uma vez sua PA e vier acima destes valores ele é hipertenso?
O que é PAS e PAD? Por quê dois valores?
Em breve responderei a estas duas perguntas.
Epidemiologia
A prevalência de pessoas com HAS se situa entre 20 e 30% da população, isto é, de cada 100 brasileiros, 20 ou 30 apresentam HAS dependendo da idade, do sexo e dos hábitos de vida.
O gráfico abaixo representa a prevalência em algumas cidades brasileiras de acordo com a última diretriz de HAS de 2006.
Fatores de Risco para HAS
- Idade
- Sexo e Etnia
- Obesidade
- Consumo de álcool
- Sal
- Sedentarismo
Medida da PA
A Sociedade Brasileira de Hipertensão recomenda alguns cuidados no momento de aferir a PA em relação ao preparo do paciente e quanto a técnica correta de utilização do esfigmomanômetro ( figura abaixo ).
Estas recomendações a tornam uma brincalhona, ou seja, é impossível obedecer a todas suas precauções.
Repouso de 5 minutos em ambiente calmo.Oras, quem já foi em hospital público sabe que de calmo lá num tem nada e outra, só a tensão de esperar umas horinhas para ver o médico já altera a PA. Essas recomendações ´são incompatíveis com o SUS.
Leia todas as recomendções aqui.
Além disso, existe uma técnica correta no que se refere ao tamanho do manguito, a parte que envolve o braço, relacionado a circunferÊncia do braço do paciente. Alguém já viu qualquer médico ou profissional de saúde usando uma fita métrica para medir a circunferência do braço antes da aferição? Seja por falta de tempo, de manguito, ou mesmo por desconhecimento, ninguém faz.
Diagnóstico
Como saber se um paciente é hipertenso?
Primeiramente irei explicar o que é pressão sistólica e pressão diastólica.
O coração nada mais é do que uma bomba que inicia suas contrações intra-útero e só para quando o paciente morre. Ás vezes volta, mas um dia para deinitivamente.
Bem, o coração possui 4 cavidades sendo elas o átrio direito, o ventriculo direito, o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo e o fluxo de sangue é unidirecional, segue somente uma rota, um caminho. Veja abaixo :
O sangue retorna do corpo pelas veias cavas e chega ao átrio direito ( AD ) seguindo para o ventrículo esquerdo (VE) onde é impulsionado para o pulmão para ser oxigenado. Retorna e chega ao átrio esuqerdo (AE) passando para o ventrículo esquerdo(VE) sendo bombeado para todos os órgãos como fígado, rim, intestino, músculos.
A pressão sistólica e diastólica está relacionada com a contração e o relaxamento do ventrículo esquerdo.
Quando ele se contrai, impulsiona sangue para o corpo, com alta pressão, gerando a PAS, a maior e ao relaxar essa pressão diminui gerando a PAD, a menor.
Agora , como saber se você é hipertenso?
Nós, médicos, precisamos de critérios para determinar se uma pessoa tem determinada doença ou não. O mesmo vale para a HAS.
Aqui estão eles :
- PA no consultório : média entre duas medidas da pressão arterial, na mesma consulta, em pelo menos duas consultas maiores que 140 mmHg para PAS ou maiores que 90 mmHg para PAD;
- Monitorização residencial (MRPA) : média de várias aferições de PA maiores que 135x85 mmHg feita por um aparelho calibrado;
- Monitorização Ambulatorial ( MAPA ) : média das aferições automática, durante o período de vigília, com valores maiores ou iguais a 140x90 mmHg;
Caso você tenha um desses três critérios pode considerar-se hipertenso.
Classificação da PA
A classificação da PA é feita para todos os pacientes. Ela é importante pois quanto mais hipertenso alguém é, mais chance de desenvolver eventos cardiovasculares ele tem.Resumindo, quem tem pressão mais alta, tem mais chance de desenvolver infarto, AVC, etc...
Temos duas classificações, a brasileira e a americana e cada médico utiliza a qual melhor se adaptar.
Aferições médias da pressão arterial no consultório | PA sistólica ( mmHg ) | PA diastólica ( mmHg ) |
PA normal | <120 | <80 |
Pré-hipertenso | 120-139 | 80-89 |
Hipertensão estágio 1 | 140-159 | 90-99 |
Hipertensão estágio 2 | >160 | >100 |
Hipertensão sistólica isolada | >140 | <90 |
Classificação Americana - VII Joint ( 2003 )
Classificação da Sociedade Brasileira de Hipertensão.
Fisiopatologia e Patogênese
Por quê temos pressão alta? Quais são os riscos de convivermos com ela?
Inicialmente, devo dizer que a maioria das pessoas hipertensas o são simplesmente por que o são, não há uma causa bem estabelecida para o seu início. Talvez um componente genético, hábitos de vida como sedentarismo, consumo excessivo de álcool.
O importante é que 95% das pessoas possuem o que chamamos de hipertensão arterial essencial ou primária. A pessoa possui HAS e só, ou seja ela não tem uma doenças que a leva ser hipertenso.
Já, os 5 % restantes possuem a hipertensão arterial secundária, desse modo, há uma doença que leva o paciente a desenvolver HAS. Entre elas, as mais comuns são : doenças renais, estenose da artéria renal, uso de anticoncepcionais orais, hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma.
Devemos suspeitar e investigar esta entidade pois ela é uma doença que não necessita de tratamento medicamentoso por toda a vida, basta tratar a doença que a origina e a hipertensão desaparecerá.
Devemos suspeitar de hipertensão secundária quando:
- Inicio precoce < 25 anos;
- Hipertensão grave;
- Hipertensão que não responde a medicamentos;
Assim, ao verificarmos que um paciente é hipertenso, devemos saber também se trata de uma hipertensão primaria ou secundária afim de direcionar nosso tratamento.
Parece que para um simples post este está grande demais. No próximo, aboradarei sobre os riscos da HAS, os danos causados por ela no organismo.Além de discutir sobre tratamento não-medicamentoso e medicamentoso e o seguimento do paciente com HAS.
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